Friday, July 20, 2007

O que vc faz quando ninguém te vê fazendo

Em tempos de crise é que nos conhecemos. Coletivamente observo que somos piores que os mais malvados Demônios. A vida alheia parece bem mais interessante que a nossa, e sabemos ver os erros alheios com análise profunda, porém nem escutamos as batidas de nossos corações. Eu desejo do fundo de minha alma que todos os que faleceram nesse trágico acidente descansem na paz do Grande Arquiteto, e que nós que ainda estamos aqui saibamos gerenciar essa crise com todos os atributos de nossas conquistas intelectuais e espirituais. O primeiro passo seria o perdão. Não há culpados, e sim uma sucessão de negligências e (des) interesses que culminaram com essa fatalidade. Até quando teremos que errar e sofrer para aprender? Até quando temos que ter um "culpado" para saciar nossa sede de uma justiça mal refletida? Antes de encontrar o culpado devemos perdoar, e perdoar a nós mesmos pois cada um tem sua parcela de irresponsabilidade. Começa com vc que apenas cumpre sua "obrigação" de ir às urnas em dias de eleição, com vc que, apesar de adorar ver o assessor se fuder por um gesto obsceno, não move uma palha para limpar o lixo de sua própria calçada (e de sua alma também). Vc deixa de ser instrumento de Deus quando cobra uma conduta exemplar de outro, porém ninguém sabe o que vc faz quando ninguém te vê fazendo... Comecemos a cuidar de nossas vidas e devemos perdoar. A felicidade humana está no perdão, pois culpamos demais nossos irmão, e nem pensamos em pedir perdão... eu sei que sou responsável por esse acidente, e peço perdão por poder fazer alguma coisa e não ter feito nada... e peço perdão também, por todos aqueles que sensacionalizam essa notícia, ao invéz de criticar deveriam pensar em ajudar e perdoar... o caminho está em perdoar, pois só assim seremos perdoados!

Thursday, July 19, 2007

Abertura

Que a sublime luz do cósmico se infunda em meu existir! Obrigado meu criador pela sua Benignidade. Obrigado pela luz que se levanta no oriente todos os dias de igual para todos. Obrigado por me fazer ver a bênção da existência. Apenas um postulante sou, e almejo os louros de tua sapiência. Peço-te a bênção nesse caminho úmido que as vezes me parece seco em minha inexperiência. Faça-me amigo das boas idéias e que elas iluminem-me na escuridão do abismo, e que sejam sempre o meu farol. Que a obra que inicio seja coroada de êxito, e que seja labutada e concluída com o dom do entusiasmo, pois suas maravilhas me são prazerosas de se vivenciar. Que as Virtudes me acompanhem e que elas se manifestem por minhas palavras e ações de maneira natural, pois sou instrumento de vossa paz. Me perdoe as falhas, os medos, as tristezas de minha ignorância, e que sua lei seja cumprida, sem murmúrios ou lamentos de minha parte, pois haja o que houver sou o todo e sei o que é melhor para mim mesmo, mesmo que ainda esteja de olhos fechados.

Monday, July 16, 2007

Oração

Deus de meu coração e de minha compreensão, obrigado pela chave que pões em minha mão. Obrigado por me permitir ver a glória de sua arquitetura, apesar de não compreendê-la no âmago. Obrigado pelos amores de minha vida, Obrigado pelos bons momentos que me deixam resignado frente a sua bondade, e obrigados pelos momentos que em minha ignorância classifico como maus, pois é nestas horas que cresço. Permita-me ser como Francisco e atuar como instrumento de vossa paz, pois é dando que se recebe, e a tua mais perfeita paz é o que desejo. Faça-me instrumento de vossa luz, pois apesar de ser luz ainda não sei o meu potencial para iluminar, e por isso fecho meus próprios olhos para a minha luz. Tira de mim a ignorância, e contemple-me com sua sabedoria, pois a grandeza dessa virtude move tuas estrelas circunscrita dentro de teu amor. Presenteie-me com as asas que um dia perdi, pois tomei decisões erradas, e agradeço por isso... Senão, jamais eu entenderia o que entendo hoje. Faça-me humano no sentido que Vossa Potestade reservou à criatura, pois nesse realizado sonho, a perfeição sempre foi o objetivo primordial.

Wednesday, July 11, 2007

Tentações de Santo Antonio

"Pelo que eu fiz
Eu começarei de novo
E aconteça o que acontecer
Hoje isso acaba!
Eu estou perdoando o que eu fiz"






The Temptation of St Anthony - Oil on panel - Museo del Prado, Madrid


Sabe... já perdi muito tempo em sentimentos e emoções como esse cara ai em cima... mas hoje eu sei que cada dia é uma nova batalha, e meu pior inimigo é (sou) eu mesmo... em verdade hoje as pessoas estão muito mais preocupadas com elas mesmas e o que os outros pensam delas e isso não deixa tempo para ficar criando inimigos... mas eu sei que muita gente não gosta de mim, e pra dizer a verdade já tive aí com isso pois sou, ou estou, disposto a ser amigo de todos. Bom... já cometi muitos erros e machuquei pessoas, e hoje estou colhendo o Karma disso... mas chega: perdoo a todos que me machucaram, seja com um olhar sequer, pois eu sei que vcs não sabiam e ainda não sabem o que fazem! Não entendam isso como eu querer sair por cima: não é isso! Todos sabemos que a ignorância é um dos piores males da humanidade, porém somente quando somos vítimas é que entendemos o que é sofrer. Eu os perdoo e os liberto de mim! A partir de agora não fazem mais parte de minha mente e podem viver suas vidas em paz, e me deixem viver em paz! Assim seja! E peço perdão, também, pois sei que várias vezes eu errei. Por isso lhes peço perdão e desejo que a bênção do Grande Arquiteto esteja em nós, para que vivamos em paz. Cada um na sua, se houver amizade que seja verdadeira, se não houver, que haja a PAZ, somente a PAZ, já está de bom tamanho! E assim, a partir de agora sou livre e humano novamente, e que eu não tenha medo nenhum pois sei que cada dia é uma nova batalha... que Deus me dê forças e que a vitória seja minha, pois as lutas são por uma boa causa... Deus conhece meu coração melhor que eu mesmo!

Sunday, July 01, 2007

O Corvo (The Raven)

O Corvo é um dos poemas mais lindos já feito pelo engenho humano. Foi composto por Edgar Allan Poe (Boston, 19 de Janeiro de 1809 — Baltimore, 7 de Outubro de 1849) em 1845 e conta a história do amor de um homem que perdeu sua amada para a morte, e por isso ele começa a ler "doutrinas de outro tempo" com o intuito de trazê-la de volta a vida. Porém, recebe uma visita do anjo mensageiro na forma de corvo para fazer com que as esperanças se acabem e ele ver que vida continua... uma bela obra, que em nossa língua se perde um pouco dos significados, mas a beleza se mantém... Um homem jamais vencerá a morte, porém o verdadeiro amor vence!




"Nunca Mais"




"fatalidade"





O CORVO

Foi uma vez: eu refletia, à meia-noite erma e sombria,a ler doutrinas de outro tempo em curiosíssimos manuais,e, exausto, quase adormecido, ouvi de súbito um ruído,tal qual se houvesse alguém batido à minha porta, devagar."É alguém - fiquei a murmurar - que bate à porta, devagar; sim, é só isso e nada mais."

"exausto, quase adormecido, ouvi de súbito um ruído"

Ah! Claramente eu o relembro! Era no gélido dezembroe o fogo agônico animava o chão de sombras fantasmais.Ansiando ver a noite finda, em vão, a ler, buscava aindaalgum remédio à amarga, infinda, atroz saudade de Lenora- essa, mais bela do que a aurora, a quem nos céus chamam Lenora e nome aqui já não tem mais.

"o fogo agônico animava o chão de sombras fantasmais"
A seda rubra da cortina arfava em lúgubre surdina,arrepiando-me e evocando ignotos medos sepulcrais.De susto, em pávida arritmia, o coração veloz batiae a sossegá-lo eu repetia: "É um visitante e pede abrigo.Chegando tarde, algum amigo está a beber e pede abrigo. É apenas isso e nada mais."

Ergui-me após e, calmo enfim, sem hesitar, falei assim: "Perdoai, senhora, ou meu senhor, se há muito aí fora esperais;mas é que estava adormecido e foi tão débil o batido,que eu mal podia ter ouvido alguém chamar à minha porta,assim de leve, em hora morta." Escancarei então a porta: - escuridão, e nada mais.

"Ergui-me após e, calmo enfim, sem hesitar"

"Escancarei então a porta: - escuridão, e nada mais."

"Lenora na sepultura"

"mais bela do que a aurora"

Sondei a noite erma e tranqüila, olhei-a fundo, a perquiri-la,sonhando sonhos que ninguém, ninguém ousou sonhar iguais.Estarrecido de ânsia e medo, ante o negror imoto e quedo,só um nome ouvi (quase em segredo eu o dizia), e foi: "Lenora!"E o eco, em voz evocadora, o repetiu também: "Lenora!" Depois, silêncio e nada mais.

Com a alma em febre, eu novamente entrei no quarto e, de repente,mais forte, o ruído recomeça e repercute nos vitrais."É na janela" - penso então. - "Por que agitar-me de aflição?Conserva a calma, coração! É na janela, onde, agourento,o vento sopra. É só do vento esse rumor surdo e agourento. É o vento só e nada mais."


"É o vento só e nada mais."

Abro a janela e eis que, em tumulto, a esvoaçar, penetra um vulto- é um Corvo hierático e soberbo, egresso de eras ancestrais.Como um fidalgo passa, augusto, e, sem notar sequer meu susto, adeja e pousa sobre o busto - uma escultura de Minerva,bem sobre a porta; e se conserva ali, no busto de Minerva, empoleirado e nada mais.

"Abro a janela "

"a esvoaçar, penetra um vulto"



"uma escultura de Minerva"
Ao ver da ave austera e escura a soleníssima figura,desperta em mim um leve riso, a distrair-me de meus ais."Sem crista embora, ó Corvo antigo e singular" - então lhe digo -"não tens pavor. Fala comigo, alma da noite, espectro torvo, qual é o teu nome, ó nobre Corvo, o nome teu no inferno torvo!" E o Corvo disse: "Nunca mais".
Maravilhou-me que falasse uma ave rude dessa classe,misteriosa esfinge negra, a retorquir-me em termos tais;pois nunca soube de vivente algum, outrora ou no presente,que igual surpresa experimente: a de encontrar, em sua porta,uma ave (ou fera, pouco importa), empoleirada em sua porta e que se chame "Nunca mais".
Diversa coisa não dizia, ali pousada, a ave sombria,com a alma inteira a se espelhar naquelas sílabas fatais.Murmuro, então, vendo-a serena e sem mover uma só pena,enquanto a mágoa me envenena: "Amigos... sempre vão-se embora.Como a esperança, ao vir a aurora, ELE também há de ir-se embora". E disse o Corvo: "Nunca mais".

Vara o silêncio, com tal nexo, essa resposta que, perplexo,julgo: "É só isso o que ele diz; duas palavras sempre iguais.Soube-as de um dono a quem tortura uma implacável desventurae a quem, repleto de amargura, apenas resta um ritornelode seu cantar; do morto anelo, um epitáfio: - o ritornelo de "Nunca, nunca, nunca mais".

Como ainda o Corvo me mudasse em um sorriso a triste face,girei então numa poltrona, em frente ao busto, à ave, aos umbraise, mergulhando no coxim, pus-me a inquirir (pois, para mim,visava a algum secreto fim) que pretendia o antigo Corvo,com que intenções, horrendo, torvo, esse ominoso e antigo Corvo grasnava sempre: "Nunca mais".

Sentindo da ave, incandescente, o olhar queimar-me fixamente,eu me abismava, absorto e mudo, em deduções conjeturais.Cismava, a fronte reclinada, a descansar, sobre a almofadadessa poltrona aveludada em que a luz cai suavemente, dessa poltrona em que ELA, ausente, à luz que cai suavemente, já não repousa, ah!, nunca mais...

O ar pareceu-me então mais denso e perfumado, qual se incensoali descessem a esparzir turibulários celestiais."Mísero!, exclamo. Enfim teu Deus te dá, mandando os anjos seus,esquecimento, lá dos céus, para as saudades de Lenora.Sorve o nepentes. Sorve-o, agora! Esquece, olvida essa Lenora!" E o Corvo disse: "Nunca mais."



"Profeta! - brado. - Ó ser do mal! Profeta sempre, ave infernalque o Tentador lançou do abismo, ou que arrojaram temporais,de algum naufrágio, a esta maldita e estéril terra, a esta precitamansão de horror, que o horror habita, imploro, dize-mo, em verdade:EXISTE um bálsamo em Galaad? Imploro! Dize-mo, em verdade!" E o Corvo disse: "Nunca mais".



"Profeta! exclamo. Ó ser do mal! Profeta sempre, ave infernal!Pelo alto céu, por esse Deus que adoram todos os mortaisfala se esta alma sob o guante atroz da dor, no Éden distante,verá a deusa fulgurante a quem nos céus chamam Lenora,essa, mais bela do que a aurora, a quem nos céus chamam Lenora!" E o corvo disse: "Nunca mais".


"Profeta!"

"Seja isso a nossa despedida! - ergo-me e grito, alma incendida. -Volta de novo à tempestade, aos negros antros infernais!Nem leve pluma de ti reste aqui, que tal mentira ateste!Deixe- me só neste ermo agreste! Alça teu vôo dessa porta!Retira a garra que me corta o peito e vai-te dessa porta!" E o Corvo disse: "Nunca mais!"


"no Éden distante,verá a deusa fulgurante a quem nos céus chamam Lenora"

"Profeta sempre, ave infernal!"

"Seja isso a nossa despedida! "


E lá ficou! Hirto, sombrio, ainda hoje o vejo, horas a fio,sobre o alvo busto de Minerva, inerte, sempre em meus umbrais.No seu olhar medonho e enorme o anjo do mal, em sonhos, dorme,e a luz da lâmpada, disforme, atira ao chão a sua sombra.Nela, que ondula sobre a alfombra, está minha alma; e, presa à sombra, não há de erguer-se, ai!, nunca mais!


"E lá ficou!"


"O ENIGMA DA ESFINGE"



Ilustrações de Gustave Doré; tradução de Milton Amado - 1943 que pode ser lida em "O CORVO" e suas traduções, 2ª edição. Organização de Ivo Barroso. Ed. Lacerda (© 2000, by Editora Nova Aguilar S.A.), Adaptação de Estudante. Boa leitura!

O guerreiro da luz às vezes luta com quem ama.
Aprendeu que o silêncio significa o equilíbrio absoluto do corpo, do espírito, e da alma. O homem que preserva a sua unidade, jamais é dominado pelas tempestades da existência; tem forças para ultrapassar as dificuldades e seguir adiante.
Entretanto, muitas vezes sente-se desafiado por aqueles a quem procura ensinar a arte da espada. Seus discípulos o provocam para um combate.
E o guerreiro mostra sua capacidade: com alguns golpes, lança as armas dos alunos por terra, e a harmonia volta ao local onde se reúnem.
"Por que fazer isto, se és tão superior?", pergunta um viajante.
"Porque, desta maneira, mantenho o diálogo", responde o guerreiro.
O Manual de Guerreiro da Luz - Paulo Coelho